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Beautify Junkyards The Invisible World Of Beautify Junkyards

2018
Ghost Box


Há demasiada indefinição no mundo invisível dos Beautify Junkyards. Não é estritamente perceptível se a banda quer ser folk ou electrónica (ou um misto de ambos), se quer ser sonhadora enquanto abraça o mundo ou intimista enquanto o rejeita em nome da natureza, se quer cantar na sua língua materna ou no inglês da editora pela qual edita o seu novo álbum, a Ghost Box. Existe alguma coisa que não passou - uma mensagem, uma ideia, um clarão no meio do orvalho.

O que não quer dizer que The Invisible World Of Beautify Junkyards não possa ser apreciado de outras formas, percorrendo trilhos distintos daqueles que a banda, porventura, almejou. A sua fusão sonora, psicadelismo intemporal com ecos de uns anos 60 futuristas, oferece-nos bons motivos para nos escondermos com eles. Falta, talvez, uma canção que se distancie das demais, que ofereça aquele momento em que uma escuta completa do álbum revele ficções cósmicas, teológicas, insondáveis.

Posto isto, e ignorando as ervas daninhas que se nos atravessam no caminho, The Invisible World Of Beautify Junkyards é um álbum de infância gostosa, quase desenho-animado na sua forma de olhar para o psicadélico - e que beneficia em muito da presença de uma voz feminina, qual Gaia sussurrando-nos ao ouvido. Os fãs do lado mais lisérgico da folk encontrarão aqui bons motivos para escapar do mundo urbano. Os outros, mais citadinos e menos dados ao escutismo, talvez precisem de uma lanterna.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
23/02/2018