Stephan Micus é um colecionador de instrumentos, de mundos e de paisagens. Os seus discos continuam a ser verdadeiros mapa mundi musicais, misturando sons de vários continentes, das mais variadas proveniências e tradições. Entrar neles é quase literalmente viajar por aí sem por lá andar. A música de Stephan Micus é uma geografia emocional.
Inland Sea, o seu 22º disco para a ECM, é uma manta de retalhos construída à volta de instrumentos como o balanzikom (entre o Tajiquistão e o Afeganistão), a nyckelharpa (Suécia), cítaras, shakuhachi (Japão) ou o marroquino Genbri. Em cada um dos temas deste disco, o tempo histórico torna-se algo moldável, relativo, em constante metamorfose.
Inland Sea é então uma viagem para dentro. É (mais um) apelo ao interior, a uma espécie de reclusão e ao silêncio. Só com silêncio quase absoluto se pode ouvir um disco como este na sua perfeita condição. A missão de Stephan Micus tem sido essencialmente essa ao longo de todos os anos: pedir a quem o ouve que reduza os níveis de ruído para que se possa ouvir o que este tem para dizer. E tem sido uma bela de uma viagem.