Eudaimonia (do grego antigo: εὐδαιμονία) é um termo grego que literalmente significa “o estado de ser habitado por um bom daemon, um bom génio”, e, em geral, é traduzido como felicidade ou bem-estar. Sobre o título do disco é isto que vem descrito na Wikipédia, por isso vamos partir do princípio de que é verdade.
A flautista, saxofonista e compositora alemã Luise Volkmann é uma artista original. Já trabalhou com gente como Mia Zabelka, Nusch Werchowska, Devin Gray ou Satoko Fujii, entre outros. Agora, com esta formação Été Large aventura-se ao leme de uma espécie de big band que trabalha uma música originalíssima, num cruzamento entre o jazz moderno e a música contemporânea. Volkmann não se fixa num ponto geográfico: nasceu em Leipzig, trabalhando com músicos de Berlim, tem ligações com a Suécia, vive em Paris. E também musicalmente atravessa fronteiras.
O disco começa por exibir a qualidade da composição e dos arranjos, de alto nível de complexidade, música que se poderia enquadrar numa certa música contemporânea. Mas à medida que a música avança os sopros começam a ganhar vida própria, seguindo direcções diferentes, provocando o caos, soando ao free jazz mais incendiário. Contudo, perto do fim regressa a ordem.
O terceiro tema, com dedicatória a Rilke e Bukowski, assenta numa toada elegíaca, sublinhada pela repetição vocal. Há temas mais tranquilos, há temas mais enérgicos, há desfechos previsíveis e há também reviravoltas surpreendentes. Volkmann serve-se das características individuais de cada músico para realçar determinadas situações, fazendo engrandecer o colectivo pela forma como orienta cada voz instrumental.
Volkmann desenha as melodias, acrescenta camadas instrumentais, provoca e seduz. Entre a qualidade da composição e da interpretação milimétrica e a pertinência dos apontamentos individuais, há toda uma música que conquista pela criatividade, pelo permanente desafio. Poderemos então concluir que a música que compõe este disco nos transmite felicidade ou bem-estar? Sim.