Quando se chega ao momento do álbum, pensar nesse grande passo; quando o coração o exige colhida a experiência para percorrer o trilho, avança-se, concebe-se, materializa-se. Feito com paixão, almeja-se o melhor. O inglês Kirk Barley lançou-se para atingir o melhor. E eis que se estreia como Bambooman em longa duração abençoado por Matthew Herbert. Mas fazer um álbum tem as suas ‘idiossincrasias'.
O problema de Whispers não será tanto o empenho, a qualidade, a honestidade individual dos temas mas sim o alinhamento, a experiência musical como um todo. Será uma questão de excesso de paixão, e não ter havido um certo distanciamento da obra final antes de ter sido exposta ao mundo? Certo é que falta coesão estética em Whispers. Uma ambiência unificadora. Não sendo prospecto de desaire fatal, a sua ausência, contudo, não permite que se gere derradeira afinidade pela perfumado ramalhete.
Whispers é uma manta de retalhos – num instante estamos no excêntrico laboratório de engenharia sonora de Matthew Herbert (“Brisk“ ou “Water Break“); noutro, deleitamo-nos com sóbrias paisagens do Quarto Mundo de Hassell (“Bronze“ ou “Manatee“); noutro, damos por nós refastelados a fumar um charro à beira-mar ao som de ‘micro-proto-house’ desenhado para dar cor ao ocaso (“Static“ ou “Louie“); até há pop domingueira-pastoral em “Caves“. É uma tarde bem passada em casa a ouvir Whispers, sem dúvida, mas uma semana depois não nos sentimos muito tentados a voltar a ele.