Há press releases que tornam o trabalho de escrever uma crítica mais fácil. Ou mais difícil, dependendo da perspectiva. No texto que serve de apresentação a este Marimbaia diz-se quase tudo o que se pensa a ouvir este disco: que o interesse musical de Leandro César “vai da canção até a música experimental passando pela música instrumental brasileira e profundo interesse na cultura popular” e que “as músicas têm uma marca forte da música brasileira". E fica praticamente tudo dito.
O primeiro álbum a solo do brasileiro, músico, construtor de instrumentos e esculturas sonoras, é, como o próprio nome indica, um disco dedicado à marimba, que é a base e o ponto a partir do qual tudo se constrói. Mas é também muito mais do que isso: é voz, é violoncelo, é ambient, é drone, é canção, é experimentalismo, é poesia. E é uma viagem tremenda.
Utilizando materiais distintos como cerâmica, madeira, vidro ou metal, Leandro César juntou as peças de um disco rico em texturas e ambiências, ritmos e sensações. Parece erudito, parece pop, parece experimental. E se calhar é tudo isso ao mesmo tempo. E é-o com classe. Mais do que um disco, Marimbaia é uma obra. E sem prazo de validade. Para consumir sem medo de exageros.