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MAGO The Length Of A Line EP

2016


Diz-nos MAGO - acrónimo de Mário André Gonçalves Oliveira, o músico responsável por este trabalho - que The Length Of A Line «surge do trabalho desenvolvido na desconstrução do conceito e ideias sobre o que é uma linha», linha essa que pode ser a musical, a da vida, ou uma linha por si e para outras linhas. Escutando o disco, é fácil perceber o conceito; em cada um dos temas existe uma linha sobre a qual MAGO vai escrevendo, sempre a direito, seja em maiúsculas ou em minúsculas.

Em "The Beginning Of Something", essa linha, essa lifeline, é a batida perpétua que vai do início do tema até ao seu fim, uma espécie de estrada onde a guitarra eléctrica vai caminhando, ora mais sossegada, ora mais acutilante, dissonante, descrevendo o seu rumo como se de um diário de viagem se tratasse, até terminar de forma abrupta e com post scriptum. Todos os quatro temas são viagens, e todas estas quatro viagens são distintas; logo a seguir, em "Tease Me", a linha não é a batida, mas o groove, que puxa para si o som indelével de uma guitarra kraut.

Um groove diferente toma conta de "Printed Lies", juntamente com uma batida hip-hop, e em "We Start Wars" é um arranhar constante que se vai esfumando perante a presença de uma maior agressividade das seis cordas - ou linhas - como se a viagem tivesse passado a ser um aviso: sim, começamos, ou começemos!, guerras. O único problema de The Length Of A Line parece ser mesmo o facto de se resumir a um curto notebook e não a um romance. Mas poderemos sempre ouvir uma e outra vez. Até porque não pagamos mais por isso.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
07/02/2017