Olhando para trás, Romulo Fróes e César Lacerda são, de certa forma, músicos quase incompatíveis. Na composição, no estilo, na abordagem. Mas com O meu nome é qualquer um, o disco que os junta pela primeira vez, percebemos que todas as diferenças podem ser esbatidas. Esbatidas e até suprimidas.
Pensando bem, nada se suprime neste disco. César Lacerda continua a ser César Lacerda, amante da melodia e fantasista, e Romulo Fróes continua a ser Rómulo Fróes, compositor pragmático e pouco convencional. E o resultado é fascinante. Pensando bem, tudo se acrescenta neste disco. Cada um é como cada qual e a soma das duas partes cria um novo todo.
Num disco poupado no que toca a recursos, habitam apenas as vozes de Romulo Fróes e Cesar Lacerda, o violão deste último (e piano num tema), e o violão e o cavaquinho Rodrigo Campos, colaborador habitual do primeiro. E basta. Tudo para que a palavra, tão bem tratada neste disco, daquela forma que só os brasileiros sabem como, esteja bem no centro.
E que centro é esse? É o centro que fala sobre a sexualidade, o papel do homem e da mulher, os problemas raciais, num Brasil dividido em termos políticos e sociais. O meu nome é qualquer um pode não ser a solução para os problemas do país mas é certamente um remédio para atenuar as dores – e uma voz – melhor, um espelho – para o que vai mal em terras de Vera Cruz.