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Pascal Pinon Sundur

2016
Morr Music


Estamos em 2016 e já ninguém se pergunta como é que tanta música bela pode nascer num país tão pequeno. A pergunta já foi feita vezes sem conta - e sempre sem grandes respostas. Desistimos de nos questionar acerca do como e do porquê, claro. Mas que impressiona, impressiona.

Jófríður Ákadóttir, nos seus vinte e poucos anos, parece estar em todas. Em Samaris, a solo, num novo projecto (que tentou manter anonimato) e também em Pascal Pinon, que construiu a meias com a sua irmã, Ásthildur Ákadóttir. Sundur é já o quarto disco desta aventura começada em Reiquiavique.

As irmãs Ákadóttir conseguiram com Sundur, nos seus quarenta minutos, uma viagem imensa. E com pouco: os seus onze temas constroem-se a partir da ideia de minimalismo, de poupança de recursos. “53”, por exemplo, faz-se de uma guitarra, algumas pequenas “incidências” electrónicas e de um sopro de vozes que é pura poesia. E é hipnotizante.

Alguns temas soam a canções que costumamos ouvir em caixinhas de música. E isso é um elogio. Outros, nascem por um qualquer rasgo melódico quase inexplicável e segura-se maravilhosamente até ao final. É mesmo assim: a fragilidade das Pascal Pinon fica-lhes lindamente.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
22/11/2016