2016 Intro: Se a música é uma construção em Lego, o dub é uma das suas peças mais importantes. É deste bloco, deste groove e ritmos jamaicanos criados em tributo a Jah, que nascem inúmeras possibilidades de exploração sonora - do house ao techno, do hip-hop ao pós-punk, passando naturalmente pelo dubstep... Mas citar o seu legado não é fazer-lhe a justiça que merece - as técnicas empregadas e a mirÃade de possibilidades falam por si. Os Positronics, duo que tem a sua génese no underground lisboeta, espelham bem essas possibilidades em Glassbox, disco onde o dub é linguagem e ponto de partida para inúmeras outras rotas. Não apenas musicais, como também mentais; a porta aberta é a do psicadelismo, que através deste ritmo hipnótico, selvático e quase cardÃaco arranja uma explicação possÃvel para o mistério que é a filosofia. Coloque-se Glassbox a rodar e durante uma hora e dez viajaremos pelo cosmos a bater os punhos com as estrelas. Esta viagem não será, contudo, indicada para os mais fracos de espÃrito. Ou para as famÃlias com crianças que invariavelmente perguntarão ad nauseam "falta muito para chegarmos?" no momento em que se fartarem. Os outros, os exploradores, verão em "Fadinho Teimoso" um cruzamento brilhante da portugalidade com o infinito, ou banhar-se-ão no ritmo dançável de "Filigrana". Os indecisos, que arrisquem sem medo.