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Melanie De Biasio Blackened Cities

2016
Play It Again Sam


Com o seu segundo disco, No Deal, a belga Melanie de Biasio foi considerada como um dos nomes obrigatórios de um certo jazz menos devedor da tradição. Mas com Blackened Cities, um registo com quase 25 minutos e apenas uma composição, Melanie quis ir um pouco mais longe.

Fazendo de alguma forma justiça à sua capa, "Blackened Cities", o tema deste registo que é ao mesmo tempo título do mesmo, explora muito mais do que o jazz: explora o minimalismo, o pós-rock e tudo o que se atravesse no caminho. Com a propriedade de quem já anda nisto há muitos anos e não deve nada a ninguém.

Blackened Cities é uma surpresa até para a própria Melanie de Biasio que admitiu que ninguém, nem mesmo ela, esperava que uma peça de 25 minutos fosse a obra sucessora de No Deal: Melanie seguiu o que a música lhe disse para seguir, seguiu as suas entranhas. E isso nota-se.

"Blackened Cities" é uma espécie de crescendo nada forçado, absolutamente orgânico: começa com um rhodes, o som da cidade, depois a voz de Mélanie, um piano perdido e solto, a bateria e baixo, a flauta de Melanie e depois junta-se tudo e o ar torna-se quase irrespirável com toda aquela beleza quase impossível, frágil e ao mesmo tempo robusta, essencial. Espantoso.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
14/09/2016