A cada disco que passa, Joan Shelley torna-se mais e mais mestre do seu domínio. Over and Even, o seu terceiro rebento, é uma admirável travessia pelo lado mais tradicional da folk, permitindo-se a norte-americana a pouquíssimos desvios estéticos. Muito menos do que com o seu disco anterior, Electric Ursa, editado em 2014.
Por tudo isso e mais alguma coisa fica desse já o aviso: quem tiver no seu palato o gosto de uma folk atravessada pelos filtros de uma certa modernidade mais imediata, terá muito provavelmente alguma dificuldade de entrar no universo de Joan Shelley. Sempre foi assim – e provavelmente sempre será.
Com o sempre impressionante guitarrista Nathan Salsburg como parceiro, Joan Shelley assina em Over and Even um disco intimista e sem truques - tanto na música como nas palavras. É muito provável que este seja o seu disco mais confessional até à data. “Nor over by half”, “Jenny come in” ou “Subtle love” – entre outras - são canções imensas, de uma beleza desarmante – mesmo que lembrem a fragilidade da condição humana.
Apesar de ter uma dúzia de canções, Over and Even passa a correr - e apesar de saber como um embalo. Parece evidente que é o melhor disco da norte-americana até aos dias de hoje. No meio disto tudo só parece estranho o nome de Joan Shelley não ser ainda maior do que é por agora. Talvez o tempo resolva. Talvez.