Para o sucessor de Bahia Fantástica, o brasileiro Rodrigo Campos (membro dos Passo Torto, um verdadeiro viveiro de talento) decidiu que o caminho certo seria fazer um disco inspirado no Japão. Conversas com Toshiro, o seu terceiro registo, é um mapa mundi musical com coordenadas bem distintas: é samba, é jazz (mais ou menos free), é pop, é soul, neo-clássica, é tanta coisa ao mesmo tempo que às vezes nem parece verdade.
Mais estranho do que isso é Conversas com Toshiro funcionar tão estupidamente bem. O disco é descrito como uma "fusão entre oriente e ocidente" mas acaba por ser muito mais do que isso. Muito por culpa da produção (do próprio Rodrigo), da direcção artística de Rômulo Fróes e dos arranjos para cordas de Marcos Paiva.
Se obrigado a escolher uma canção para ilustrar a sua beleza, e se fosse mesmo possível escolher apenas uma, "Mar do Japão" teria evidentemente de ser a eleita. Texturalmente esculpida até ao último detalhe, explica tim tim por tim tim o enorme sucesso de um disco como Conversas com Toshiro. A força está na desunião; de tal forma que o resultado final é a união elevada ao infinito. Um discão.