Ponte de Lima é um lugar lindo e maravilhoso, onde os hóteis onde passámos grande parte da nossa infância foram levados à falência, onde a pornografia abunda em painéis turísticos, e onde o Nordés servido com uma folha de louro nos deixa K.O. passados apenas três copos, enquanto outros se divertem a conversar sobre fotografia. Não, mas é mesmo um lugar lindo: o rio, a ponte romana, o Rampinha, a lista poderia continuar.
É de lá que vêm os Big Red Panda, sexteto de linhagem stoner formado em 2013 e que editou este ano o seu segundo EP, Grand Orbiter. Órbita, sim, que os temas aqui presentes são evocativos de uma viagem pelo espaço, quase como se o José Cid dos 10 000 Anos tivesse substituído o Ozzy nos Black Sabbath. Riffs dos bons, sintetizadores dos melhores, e está feito um dos lançamentos mais interessantes do psych 2015, numa altura em que o psych já enjoa.
Falando das canções, "Milestone" tem ali um momento em que soa a uns Doors muito mais brutos, o que é óptimo; "High Ride" é despudoradamente pesada, um peso de fazer ceder os ossos do pescoço, antes de entrar por uma ginga blues deliciosa; e há ainda "Barefoot", em que entra uma voz que faz de uma jam uma canção bonita - sendo que são estes os pontos mais altos do disco. Tal como a vila o fez na infância, os Big Red Panda parecem preparados para fazer parte da nossa vida adulta. Esperemos que sim.