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SILVA Júpiter

2015
slap


Lúcio da Silva já está de regresso à terra. Trouxe consigo uma encomenda com o nome de onde veio: Júpiter. Em 2014, o destino de Silva havia sido diferente: uma praia calma, com o sol seguido dum lusco-fusco digno do verão. Tudo isto coube em Vista Pro Mar, que foi a projecção definitiva ao cenário indie brasileiro.

Se quanto maiores as distâncias, maiores as mudanças, Silva é exactamente isto: mudou do vinho para a água. Abandonou o excesso de cor e cheiro para concentrar-se na mensagem, nas palavras e nos sentimentos. A comprovar-nos que ser minimalista pode também ter conteúdo em excesso.

Em Júpiter, vemos um mar de simplicidade e referências não tão distantes assim, como a semelhança à cadência de Drake. Há o electrónico para uma dança à dois em “Eu Sempre Quis”. Pelo meio da dança e do disco, uma típica filosofia de bar chamada de “Sou Desse Jeito”. Silva diz o que todo gente já sabe, com a batida que todos conhecem. Entretanto, nada vindo de dentro é igual.

Cheio de definições certeiras de amor em primeira pessoa, Silva se assume, se declara e se expõe como nunca. Parece que Lúcio está entregue – não apenas ao R&B e ao Hip-Hop - mas à si mesmo. Júpiter é o bilhete para uma viagem pessoal, e não tem destino definido.


Matheus Maneschy
matheusmaneschy@gmail.com
01/12/2015