Angel Deradoorian teve o seu momento de maior notoriedade enquanto parte dos Dirty Projectors que gravaram Bitte Orca em 2009. Entretanto, declarou um hiato na sua colaboração com Dave Longstreth e Amber Coffman, e tem colaborado em projectos como os Slasher Flicks, de Avey “Animal Collective” Tare. 2015 foi, então, o ano que escolheu para editar o seu primeiro longa-duração a solo. E confesso que foi com surpresa que vi o logo da formiga da Anticon na parte de trás do digipak. O que fazia uma das vozes de “Stillness Is The Move” na editora mais conhecida pelo seu hiphop desalinhado? A resposta não se encontra em The Expanding Flower Planet, e só o tempo dirá se se trata de uma procura de novos mercados para a editora de Los Angeles. Estará alguma pista no tal “desalinho”? Pela metade, talvez. The Expanding Flower Planet alterna o familiar com o incomum, sem nunca deixar de ser um disco cativante.
Do que trata o “familiar”? Muito simplesmente das semelhanças que se conseguem descortinar com o trabalho de outra senhora. Cameron “Glasser” Mesirow”. Estão lá na maneira como a voz de Deradoorian, e a sua instrumentação, orgânica e sintética, e percussões, se unem para construir uma superfície polida, sintética, como um vidro negro brilhante. Com refrões que tanto aparecem quando se espera, como surgem depois de falsas coda, sendo “Violet Minded” um exemplo de tal fenómeno. Diga-se que Deradoorian tem uma voz grave e límpida que lhe permitem sobrevoar os restantes sons, e até recorrer a algumas acrobacias, qual patinadora artística. É precisamente aí que reside a questão do menos familiar. Um caso interessante é o de “Ouneya”, quase toda ela um cântico ritualista. Ou os orientalismos de “Komodo”, dominada por um mantra/refrão de “Komodo coming through / Run for your lives”.
A ascendência georgiana de Deradoorian não se faz notar tanto como a sua eventual curiosidade por músicas do Médio e Extremo-Oriente. Sempre em doses moderadas, claro. Será também este o ponto menos positivo deste disco. Your Creator tem uma melodia agradável para se dançar em rituais pagãos. Pena a letra a tender para o hippy. Felizmente, na segunda metade do disco, músicas como “Dark Lord” ou “The Eye” reatam a nossa boa vontade para com o quadro geral. E chegados ao fim de The Exploding Flower Planet, o que se obtém é um ponto de partida de alguém que parece ter bem presente uma ideia de como costurar um vestido musical que lhe assente à medida. Se é verdade que ainda não tem o que é preciso para ser capa de revista, não é menos verdade que talvez mereça uma foto de página inteira algures no meio da mesma.