bodyspace.net


Georgia Georgia

2015
Domino


A história de Georgia Barnes é tão interessante quanto a sua música. Para começar, é filha de Neil Barnes, uma das metades do duo Leftfield (responsável, nos anos 90, por não só ter emprestado o seu nome a um género musical mas também pela composição de "Open Up", que ainda hoje é um malhão); segundo, pertenceu aos quadros do QPR e do Arsenal, nas suas secções de futebol feminino; e, por fim, foi baterista de Kwes e Kate Tempest. E este último ponto é importantíssimo para percebermos a sua música.

De facto, Georgia, o seu álbum de estreia, mais não é que ritmo atrás de ritmo, começando logo em "Kombine", um sample de um qualquer canto árabe a dar lugar a beat atrás de beat, grime - ou Grimes - injectados numa pop de e para a classe média que tornará inevitável as comparações com a canadiana. Mas isto, reconheçamo-lo, é redutor. Até porque logo a seguir "Be Ache" dá-nos uma bofetada na cara, sintetizadores trance a ajudar à festa. Claire quem?

Por entre histórias de romances mais ou menos perdidos, Georgia é sobretudo para dançar, de forma absorta, semi-hedonismo para uma noite negra. Não queiramos fazer dela, contudo, a nova banda-sonora para uma urbe deprimida (até porque ainda ninguém superou o Burial nesse aspecto). Mas o que aqui está dentro dá para o gasto e promete o suficiente para o futuro. Uma espécie de Tottenham, portanto: nunca será campeão, mas vai-se passeando pela Europa fora.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
13/11/2015