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Blank Realm Illegals In Heaven

2015
Fire Records


Grassed Inn, álbum que os Blank Realm lançaram em 2014, era uma espécie de sleeper hit: a sua grandeza só pôde ser mensurável à medida que as audições cresciam, e se iam captando pequenos pormenores aqui e ali - um riff, uma nota, um verso -, até que se instalou definitivamente no cânone dos bons discos desse período e revelou "Reach You On The Phone" como uma das mais bonitas canções pop dos últimos anos. Pop, sim, e psicadélica, q.b., e hipnagógica, quanto tinha que o ser.

Illegals In Heaven, o álbum que pariram este ano, segue um pouco a mesma toada; há aqui glam, como em "No Views", logo a abrir (o pormenor: a linha de baixo, ansiosa por mostrar serviço, sugerindo uma certa impaciência pela chegada imediata do presente como todas as boas bandas de rock), há aqui Girls, chapados - e bons - em "River Of Longing", há o jangle pastoral de "Dream Date". E há "Palace Of Love", num ritmo e melodias enérgicas que parecem ter sido pilhadas a David Bowie, o maior elogio que lhe poderemos fazer.

Os australianos não são novatos nestas andanças - já andam nisto desde 2007 e já lançaram uma mão cheia de óptimos LPs e outros tantos CD-R. Porém, parecem amadurecer a cada disco que passa; se Grassed Inn era o tal sucesso adormecido, Illegals In Heaven é-o logo à partida, um disco repleto de boas canções que nos prende a atenção ao primeiro instante, seja através dos pormenores ou do seu todo, e francamente inclassificável: cabe de tudo nesta sopa, seja psych, pós-punk, ou pop da deliciosa. Vinde a nós o reino dos Blank.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
06/11/2015