Não mintamos - todos gostamos de descobrir aquela banda que mais ninguém descobriu, de mostrar que de alguma forma sabemos da poda assim que a referenciamos a alguém, de partilhar com o mundo os mais recentes achados piratas com origem em todos os cantos de todos os continentes - e quanto mais obscuro melhor, quanto mais difícil de encontrar melhor, e quanto melhor... bem.
Tal é o caso dos Breakfast, power trio oriundo de Santiago do Chile (ou, pelo menos, é isso que diz no Bandcamp, cujo álbum homónimo - que não se sabe se é de estreia ou não, mas isso também pouco importa - nos prendeu de imediato as atenções. Primeiro, por não ser cumbia ou género semelhante, algo que nos tem fodido sobremaneira a paciência nestes últimos tempos. Segundo, por conter elementos psych, mas não da forma aborrecida com que tem sido feito por milhares e milhares de bandas recentes. Terceiro, por o podermos situar em terrenos noise rock sem que haja realmente noise mas o rock esteja lá, impoluto, brilhante. Confusos? Ouçam-no. Pode ser descarregado de forma gratuita.
Quatro canções, simples como têm de ser, lixadas se for preciso (a apropriadamente intitulada "Intro" começa com uma bateria poderosamente banal, mas desemboca num riff de cortar a respiração), cativantes do início ao fim - até porque, em vinte minutos, com que outra coisa prenderíamos a atenção? A melhor das quatro é, de longe, "Let Me Down", pós-punk psicadélico que se nos enfia orelhas adentro e de lá não quer sair e, o que é melhor, não é facilmente esquecível. O espaço passa pelo Chile. Tesouros assim vale sempre a pena compartilhar.