On Your Own Love Again, o segundo disco de Jessica Pratt, e a sua estreia com o selo da Drag City, não pertence a este tempo. Na produção, nos arranjos, na aura, o sucessor de Jessica Pratt, transporta-nos directamente para os anos 60 e para um cruzamento entre a folk e a música psicadélica que nos deu tantos momentos de prazer e fruição.
Em On Your Own Love Again, e no que diz respeito a inclinações estéticas, Jessica Pratt move-se num território espantosamente curto e ao mesmo tempo surpreendentemente hipnótico e cativante. Ouça-se por exemplo uma canção como "Strange Melody" que, para além de fazer justiça ao seu título, se constrói com apenas uma guitarra e uma voz, num registo lo fi (que é aliás comum a todo o disco) e mesmo assimcarrega consigo tanto mistério.
"Mistério" é provavelmente a palavra que mais se adequa a um disco como On Your Own Love Again; há aqui qualquer coisa de encantatório, de enigmático, de quase perverso, de sobrenatural. A voz de Jessica Pratt, espécie de sonho acordado, importada de um conto de fadas qualquer, é a cereja em cima do bolo.
São apenas nove canções, são apenas trinta minutos de disco mas se fossem seis horas provavelmente ficaríamos por cá na mesma, a inventar motivos para irmos ficando por aí a queimar tempo na sua companhia. Estamos em Fevereiro mas não é exagero dize-lo: está aqui um dos melhores discos que 2015 nos há-de oferecer.