Por estas alturas já ninguém acreditava realmente que os Pink Floyd pudessem voltar ao activo com um novo disco de originais. Afinal de contas passaram-se trinta e um anos desde The Final Cut, que marcou a saída de Roger Waters da banda, e vinte anos desde o lançamento de The Division Bell, um disco que, tal como o anterior A Momentary Lapse of Reason, não convenceu propriamente a grande parte do público.
Anunciado como um disco de homenagem a Rick Wright, que faleceu em 2008, The Endless River, é - e soa a - um conjunto de canções construídas - e recicladas - a partir de restos das gravações de The Division Bell. Escusado será dizer que este disco soa grandioso, constantemente épico, atmosférico e gigantesco.
Inevitavelmente, muito literalmente, os Pink Floyd soam também presos a uma fórmula. Literalmente porque não podia ser de outra forma; a ambição de The Endless River é não ter ambições; é fechar a porta e não deixar nada por arrumar na sala. É enfiar tudo numa caixa e partir. E nesse aspecto, The Endless River cumpre bem o propósito.
Resumindo e concluindo, e indo directamente ao assunto: quem não vê nada de bom em de The Division Bell ou A Momentary Lapse of Reason, verá neste disco uma total perda de tempo. Quem se deixa embalar pela beleza arquitectural de ambos os discos (como o que assina este texto), terá aqui uma espécie de encore prazeroso.
Não é um dos discos do ano, não é sequer um dos melhores discos dos Pink Floyd. É um registo legitimo e honesto com quatro ou cinco belíssimos temas instrumentais, duas mãos cheias de temas apreciáveis e pouquíssimos momentos embaraçosos. The Endless River é até um simpático Lado B de The Division Bell. Sem vergonhas, sem arrependimentos. Adeus, foi uma bela viagem.