Pode-se pensar que ele é um idiota, mas é na verdade um homem sensível. Mas porque se haveria de pensar que Nuno Rodrigues, um dos responsáveis pela magia rock que acontece quando os Glockenwise sobem a um palco ou decidem editar um disco, é um idiota? Não se pensa: é ele a ser auto-depreciativo, como o é por diversas vezes. "Douchebag", a canção de onde se retira esse versinho com que o parágrafo se inicia, não é canção feita por ou para idiotas, mas dois minutos e vinte e seis de óptima pop.
Nesta aventura a solo sob o moniker Duquesa, Nuno Rodrigues optou por ser curto naquilo que tinha para dizer - o disco não chega a vinte minutos. Não precisaríamos de mais. Duquesa é sol contido em canção, ao bom jeito de nomes como Mac DeMarco, mas tão dele que quaisquer comparações são irrelevantes. Riqueza naïf, ora pois, de canções como "Times" e de versos como I'm happy if you're happy, uma forma muito mais poética de se dizer "ya, tá-se bem".
Está-se bem, claro que se está. Duquesa é uma óptima revelação, ideal para coçar a barriga ao final da tarde ou descansar depois de dar no duro no rock n' roll. Soube-nos bem durante o verão que findou e continuará a fazê-lo enquanto caem as folhas de outono. "Ice Cream" come-se em qualquer estação do ano; Abade continuará a ser uma nação com o passar do tempo. Que venha daí outro disco rapidamente.