Depois de dois anos de digressão de apresentação do anterior Slave Ambient, Adam Granduciel passou um ano a trabalhar em estúdio as dez canções do seu terceiro disco de originais, Lost in the Dream e quando saiu de lá tinha construído também uma banda muito mais “banda” do que aquela que assinou os seus dois discos anteriores. E ganhou também uma nova vida. A partir de aqui nada será igual com The War on Drugs.
Lost in the Dream é muitas coisas ao mesmo tempo: um disco que pisca o olho ao rock mais clássico de Bruce Springsteen ou dos Fleetwood Mac ao mesmo tempo que se aproveita dos ensinamentos do indie rock, um disco simultaneamente celebratório (“Red eyes”) e introvertido (“Suffering”), um disco contido e sonicamente desenvolto (e até por vezes algo exploratório). É um disco contraditório sem que isso possa ser considerado um problema. Fossem todos os casos de bipolaridade como este e o mundo seria um lugar melhor.
São duas mãos cheias de grandes canções, dez motivos para elevar The War on Drugs ao centro das atenções. Lost in the Dream é uma viagem pelo rock clássico dos anos 70 e 80 ao sabor daquilo que hoje sabemos acerca dele; com as vantagens de saber o que de bom e mau ficou. E com canções de excelência como “Red Eyes” e “In reverse”, dois exemplos de como Lost in the Dream pode ser um disco tão diverso e ao mesmo tempo tão compacto.