A primeira coisa a dizer acerca de Perto Como é a forma como regista, no tempo e na história, a impressionante metamorfose dos Guta Naki. É seguro dizer que há um antes e depois com este novo registo. A segunda é que a banda de Cátia Sá Pereira, Dinis Pires e Nuno Palma tem a habilidade de complicar aquilo que parece fácil. E isto é um elogio.
Em Perto Como, nenhuma canção é aquilo que parecer ser. Os Guta Naki nunca seguem o caminho fácil. Há em cada uma destas onze canções uma certa estranheza quase Lynchiana que se sobrepõe a qualquer sensação bossa-novista, africana ou simplesmente pop. Exemplo maior deste triunfo dos Guta Naki é a admirável – sob todos os pontos e vista - “Onde ela mora”.
Passar uma lupa em Perto Como sem falar na fabulosa "interpretação" de Cátia Sá Pereira e nos belos textos que a sua voz (deliciosamente exótica) aqui transmite seria como ir a Pisa e não ver a torre que tornou a cidade famosa. Ouvi-la é entrar directamente nas histórias que os Guta Naki se propõem contar. Como resistir à selvajaria melódica e tropical de “O homem que dança”? Se havia dúvidas ainda já não pode haver mais: os Guta Naki estão aí em força. Perto Como é claramente o passaporte para o sucesso.