TWAAAANG! A guitarra dá o mote em "Minister Smith" e de pronto se lhe juntam a bateria, o baixo, a voz surgindo mais tarde rangendo contidamente a sua bílis, à espera de poder explodir. Estes são os Thrill Collins - não confundir com a banda britânica do mesmo nome - e vêm da antipodal Christchurch, na Nova Zelândia. Punk sem vergonha de ser punk, directo, liberto de ironias à escala Pitchfork e sem a necessidade de se chamar "garage rock".
Difficult Listening, chamam-lhe eles, mas não é tanto assim. Pelo menos para quem está habituado a estas andanças do rock, para quem do alto da sua sinestesia se passa quando um tom carregado de negro como em "•" dá lugar à pausa e ao grito introdutório para que a momentaneamente esquecida guitarra volte a dar de si; anos e anos de urgência contidos em poucos segundos. Diz que é um disco carregado de teor político. Infelizmente, não conhecemos a realidade neo-zelandeza o suficiente para abordar melhor esta vertente de Difficult Listening mas, a julgar pelo que aqui ouvimos, estamos do lado destes gajos qualquer que seja a luta deles.
Falávamos de "Minister Smith", certo? É possível que seja uma homage ao enorme Mark E. Smith, até porque em "The National Anthem" essa influência vocal é mais do que notória (naquela que é, igualmente, a melhor faixa do disco). Depois há "Pols": no one ever talks about politics now 'cause ignorance is bliss. Que é como quem diz, «podem viver do outro lado do mundo, mas são iguais a nós». Óptimo EP de estreia que poderá ser escutado e sacado, como de costume, no maravilhoso Bandcamp. Há algo nos ares da Nova Zelândia, indeed.