A combinação de que este disco vive não é propriamente uma novidade. Já os tínhamos na retina depois do seu EP de 2011, o homónimo Darkside EP, e também em Daftside, com uma reinterpretação de Random Access Memories, dos Daft Punk. mas este Psychic tem todos os trejeitos e vícios de um disco que nos dá orgulho de expôr na primeira fila do nosso espólio. Nem sequer é imensamente extravagante. Apenas arrasador.
Do primeiro suspiro à última nota tocada, todo o disco é um imenso deleite. Quando nos recostamos perante "Golden Arrow", que se deixa demorar, temos a inevitável tendência de nos deixarmos levar por uma expectativa desmesurada quanto ao que resta do alinhamento. Em 90% dos casos ficamos a perder e a tesão do mijo não passa disso mesmo. Aqui, bem, já estão a ver o filme. Ultrapassemos esta metáfora, portanto. Assim que entra a batida, Jaar e Harrington começam a dar-nos motivos para não pararmos de os escutar. Só que "Golden Arrow", que por si só já faz valer o disco, não passa da ponta do iceberg.
Assim que passamos a "Sitra", Harrington prova que é mais do que uma muleta de Jaar, assumindo até nalguns casos o protagonismo do tema: a guitarra do primeiro, misturada com a electrónica interestelar e minimal do segundo, resultam num emparelhamento quase único, trazendo à memória alguns dos momentos mais felizes dos Radiohead em Kid A. Aliás, para fazermos jus às gigantes linhas que acabam por se seguir, em "Heart" e "Paper Trails", surpreendentemente pejadas de blues, e que acabam por ser a força motriz de Psychic, diríamos até que Jaar não passa, provavelmente, da cara conhecida deste projecto.
Pronto, usámos o condicional para assustar, mas de facto Harrington e a sua guitarra fazem dos Darkside e de Psychic um momento superior. Com Jaar, mostram ser já um duo com uma maturidade digna de mais tempo, talvez de outra geração. Na segunda década do século XXI, os Darkside são o exemplo de que, mesmo na escuridão, ainda há coisas belas e raras.