Joe Goddard é, apesar de tudo, um tipo discreto. Tão discreto que poucos associam o seu nome aos Hot Chip. O certo é que sempre que Joe Goddard se chega à frente a solo os resultados são invariavelmente certeiros. Dúvidas? É ouvir a beleza arquitectónica de “Gabriel” para perceber que a culpa do sucesso dos Hot Chip passa muito por aqui. Se dúvidas podem ainda existir.
Há que dizê-lo: o trabalho a solo de Joe Goddard pouco ou nada deve ao que acontece lá para os lados dos Hot Chip. O seu som pode partir da mesma base – a música electrónica, claro está – mas fica-se quase sempre por um certo minimalismo que lhe fica muito bem. O seu terceiro EP Taking Over, é a prova disso.
A verdade é que o Joe Goddard sabe muito. Sabe muito bem o que uma canção precisa para sobreviver a uma pista de dança; mas sabe sobretudo o que uma canção não precisa para subsistir em qualquer outro lado. Provas? Os nove minutos de “Bassline '12”. Mas onde realmente Taking Over atinge o seu auge, mesmo à frente da libidinosa “She Burns” (com a voz de Mara Carlyle), é mesmo com “Taking over”: pouco mais de cinco minutos de doçura sacada a teclados descidos do céu. Um disco novo é que vinha mesmo a calhar.