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Julianna Barwick Nepenthe

2013
Dead Oceans


Pesquisando um pouco mais acerca da forma como Julianna Barwick cresceu, torna-se fácil perceber a origem da sua música. Nascida num meio rural, Barwick era filha de um padre e cantava frequentemente a cappela. É somar tudo e entender que Barwick pegou naquilo que tinha ali à mão e, talvez por isso, a sua música acaba por soar mais pessoal do que é habitual.

Nepenthe vem no seguimento de Sanguine e de The Magic Place. O que se perdeu em inocência do processo, ganhou-se em refinamento; o que se perdeu em surpresa, ganhou-se em apuro melódico. Nepenthe é naturalmente o disco mais conseguido de Julianna Barwick; uma verdadeira vitória para quem nunca desistiu de acreditar que isto fosse uma boa ideia.

Nepenthe é um disco de vozes mas não é apenas um disco de vozes. Aqui e ali, Julianna Barwick vai pintando a paisagem de pianos e cordas, dando-lhe uma elasticidade e durabilidade superior aos seus discos anteriores. Nepenthe é um disco de raríssima beleza; mais complexo, mais total, mais luxuoso (muitos pontos para a produção), perto da perfeição, difícil de superar. E agora, Julianna?


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
18/09/2013