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Ora Cogan Ribbon Vine

2013
Hairy Spiderlegs


Ao terceiro disco, Ora Cogan encontrou um novo caminho. E encontrou-o em C astelló, Espanha, onde provavelmente não esperava ver a sua música mudar assim. Dos discos acusticamente auto-suficientes para este novo disco vai um passo de gigante; Ribbon Vine é um disco de banda. Um disco de som cheio – e mais negro que nunca.

Logo à entrada, a fabulosa “Black Swells”, dita o sentido de do disco: há uma guitarra tocada com um arco, negra como uma tempestade; uma bateria sem hora marcada; e depois a voz de Ora Cogan a deitar por água abaixo qualquer resquício de luminosidade que pudesse existir ainda. Tenso, tenso, tenso. E belo. Tocada no fio da navalha, todos os músicos dentro da sala, o ar irrespirável.

“Katie Cruel” é outro exemplo perfeito do hipnotismo negro de Ribbon Vine. Uma voz e uma guitarra de cabeça perdida, uma bateria a tactear caminho. É um dos maiores sucessos deste disco: o seu semblante improvisado, a sua transparência, a sua capacidade de debater-se com a ausência de planos. Ribbon Vine é um disco livre como poucos. E um passo enorme no crescimento musical de Ora Cogan.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
12/09/2013