As primeiras impressões iludem muitas vezes. Criam uma imagem difícil de apagar quando se confirma que não corresponde à realidade. Ou que é baseada em pressupostos falsos. O disco de estreia dos Octa Push são um desses casos em que somos levados a pensar que não se pode julgar um livro pela sua capa – ou pelo prefácio. É preciso dar tempo a tempo.
Pensamos todos que os Octa Push iam seguir o caminho do kuduro. E estávamos errados. E Oito prova isso categoricamente. Pensamos todos que os Octa Push iam passar a vida a fazer música electrónica pura e dura e também estávamos enganados. Oito é um disco amplo: dançável, inteligente, belissimamente construído.
Oito lembra em tudo a estreia de SBTRKT: um disco suficientemente complexo para não se esgotar ao fim de três audições, directo e acessível na medida certa para evitar que se torne um disco umbiguista e fechado. Um disco que funde na perfeição todo um conjunto de linguagens que a dupla aprendeu a gerir com a maior das classes (sempre que África lá ao fundo). Oito é também o disco certo na hora certa para a música electrónica feita em Portugal. Um verdadeiro triunfo para os Octa Push.