Tudo em Major Lazer é pintado a cores berrantes. O projeto de Diplo – agora sem Switch, que saltou do barco no final de 2011 citando “diferenças criativas” – regressa às edições com um segundo longa-duração. Tal como o antecessor Guns Don't Kill People... Lazers Do, este novo registo é um verdadeiro melting pot sonoro. Afastando-se alguns passos da reverência cega ao dancehall, Free the Universe não poderia ter título mais apropriado, com Diplo a peneirar os universos de todos os convidados para surpreender faixa após faixa.
Da já sobejamente conhecida “Get Free”, com belíssimas vocalizações de Amber Coffman, dos Dirty Projectors, e um ritmo contagiante que a transforma na canção perfeita para muitos verões passados à beira-mar, a uma “Watch Out for This (Bumaye)” que Beyoncé não desdenharia samplar, muito há em Free the Universe de surpreendente. Ouvir Ezra Koenig a cantar “Jessica” com voz manchada de reggae ou Peaches, com a jamaicana Timberlee, na corridinha “Scare Me” são apenas dois dos momentos inesperados que Diplo preparou para um álbum que inclui ainda a super-estrela Bruno Mars a partilhar o microfone com o rapper Tyga e Mystic na atrevida (para não dizer pornográfica) “Bubble Butt” e Wyclef Jean a sussurrar uma optimista “Reach for the Stars”.
Como tudo o que tem o seu dedo, sejam trabalhos com M.I.A., Santigold (também aqui presente em “You’re No Good”, tema de abertura) ou o disco que transformou Snoop Dogg num Snoop Lion devoto ao reggae, Diplo deixa bem a sua marca em Free the Universe. Felizmente, porque se assim não fosse, este segundo álbum de Major Lazer não passaria de uma manta de retalhos musicais com pouco sentido ou propósito.