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Dear Telephone Taxi Ballad

2013
PAD


O risco às vezes compensa. Primeiro: o disco de estreia dos Dear Telephone não é necessariamente uma continuidade do EP lançado há um par de anos. Segundo: Taxi Ballad não é um disco de consumo imediato, não é um disco de fácil absorção, está longe de ser um passeio pelo parque. Terceiro: as suas nove canções precisam de tempo, de espaço, dedicação; precisam de disponibilidade para compromisso. Esclarecidos que estão esses três pontos essenciais, urge dizer, e correndo o risco de estragar a surpresa, que Taxi Ballad é um sucesso. Depois de quebrada a barreira que prepararam propositadamente, os Dear Telephone mostram-se verdadeiros arquitectos de uma pop sofisticada mas nunca deslumbrada, “bem vestida†mas nunca fútil, informada e democrática. Canções como “O dearest knight in shining armourâ€, “That violin lesson sucks†ou “Revelatorâ€, diferentes na abordagem mas iguais na inteligência da construção, são provas vivas que a beleza não tem de ser entregue em mãos para ser irrefutável. E o que dizer de “Fit and proper†com aquele pára-arranca a quebrar uma paisagem melódica perfeita? O que dizer de um disco que tem a coragem de fintar os lugares comuns da música pop e arriscar? Apenas isto: o risco às vezes compensa. E aqui compensou e de que maneira.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
21/05/2013