bodyspace.net


Femi Kuti No place for my dream

2013
Naïve


Não há de facto muita coisa que se possa dizer em 2013 sobre um disco de afrobeat que não tenha ainda sido repetido um milhão de vezes em papel, na internet ou oralmente. Não parece haver muito a inventar no género e isso parece estranhamente positivo e reconfortante. Femi Kuti, o filho mais velho do genial Fela Kuti, sabe isso e respeita o legado que aceitou continuar.

Pode-se dizer três ou quatro coisas acerca de No place for my dream: que, como em outros discos seus, a sua canção mais longa tem apenas 6 minutos e 19 segundos, ao contrário dos habituais 12 minutos ou mais. Que é um disco marcadamente político (como se quer nestas coisas), fazendo justiça ao seu título. Que a produção não é demasiado cristalina nem desprovida de alma.

Pode-se também dizer que No place for my dream é um grande disco – assim sem mais. Que é um disco feito de musical vital, ainda que as raízes do género que explora tenham sido espalhadas ainda durante os anos 60, ainda que o afrobeat tenha permanecido virtualmente imutável desde a sua génese. Ouça-se uma canção como “Na so we see am”, sinta-se a força dos metais, entre-se na batida, celebre-se tudo isto. Esta música está viva. E recomenda-se.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
16/05/2013