Vinicius Cantuária pode viver em Brooklyn mas nem por isso consegue distanciar-se demasiado do seu país natal, o Brasil brasileiro. E isso é notório em Índio de apartamento apesar de todas as colaborações de nome não-português ou de uma certa tentativa de subverter a bossa nova tapando-lhe os olhos ou misturando-a com outras realidade.
Índio de apartamento é um disco que é bossa nova que é pop que é jazz que é um pouco de todas estas coisas. E que é certeiro nas suas intenções. E na sua saudável bipolaridade. Mesmo com o piano nem sempre disciplinado de Ryuichi Sakamoto, “Moça feia” é uma canção relativamente bem-mandada. O mesmo não se pode dizer da brilhante “Purus”, no seu quase minimalismo repetitivo melódico desafiante.
Índio de apartamento é um disco riquíssimo na sua abrangência musical, nas opções que toma, na voz de Vinicius Cantuária e na sua qualidade instrumental (a maioria dos instrumentos foram tocados pelo próprio). Não é um disco que prova coisa nenhuma porque Vinicius Cantuária não precisa de esmolas mas é um disco que testemunha a sua boa forma. Ainda que mais distante dos holofotes da indústria musical.