O Hip Hop de terras de Sua Majestade tem dependido muito daquele que se pratica do outro lado do Atlântico. Por isso, muito das coisas que por aà existiam não eram mais do que um baralha e volta a dar de material chatinho e sem interesse. Heis que, quando menos se esperava, surge o projecto The Streets, um projecto sem medo de enfrentar o sotaque, que não liga à quilo que se tem feito como meio de copiar para fazer a sua música. O homem por detrás do projecto The Streets é um jovem britânico, a residir actualmente em Londres mas nascido em Birmingham, e tem nos seus ombros o pesado fardo de ser encarado pela crÃtica britânica como uma espécie de "salvador da pátria", pelo facto de há muito se esperar um álbum desta qualidade depois do oásis que se verificou por aquelas terras nos últimos anos.
"Original Pirate Material" é um disco histórico. É histórico porque retracta impressionantemente a realidade inglesa urbana. As palavras têm na boca de Skinner uma arma para alertar os inúmeros problemas que por ali existem e conhecem impressionantes rimas por um poeta "underground".
A estreia do projecto The Streets, faz denotar já em Mike Skinner um excelente
produtor, que sabe conjugar beats e ritmos house, samples e drum'n'bass com a
certeza de quem, por certo, passa largas horas frente ao computador, tentando
trabalhar uma música até esta se encontrar em toda a sua plenitude e fazer passar
a mensagem que dela se deverá tirar.
"Original Pirate Material", é mais do que tudo, um álbum genuÃno, daqueles onde se nota claramente que as letras não são feitas para agradar a adolescentes que gostam de ouvir coisas agradáveis, onde se nota que os sons de "Original Pirate Material" são os sons de uma geração urbana que aprendeu a viver e a lidar com os problemas actuais, que, como Mike Skinner, pretende ter uma voz activa no confronto com o que se passa e está mal.
Entre os 14 temas que compõem o album de estreia do projecto The Streets destacam-se
as canções "Let's Push Thing's Forward", "Has It Come To This?",
"Too Much Brandy" e "Don't Mug Yourself". Só nestas 4 músicas
passamos por dub e reggae, sons assimilados a "garage" ou mesmo drum'n'bass,
um verdadeiro cardápio de estilos.
"Original Pirate Material" é um dos mais inventivos e surpreendentes
discos de 2002, e apesar de muitos dizerem que é apenas um "hype", vale
mesmo a pena. Esqueçam esses comentários, ouçam-no primeiro e comentem-no depois.