Jibóia foi dando a provar o seu veneno ao longo de 2012 em alguns concertos que transformaram salas de respeito em pistas de dança improvisadas. E justificadamente. Há qualquer coisa de verdadeiramente irresistível nos seus movimentos rápidos e libidinosos, na forma como desliza por territórios aparentemente inconciliáveis.
No EP de estreia, Jibóia propõe aquilo que vinha a insinuar por aí: paisagens distantes, um bocado do norte de África aqui, um bom pedaço de médio-oriente acolá, pozinhos de psicadelismo por todo o lado. E não seria surpresa nenhuma se Omar Souleyman tivesse aceite dar uma perninha em “Kungpipi”, delicioso delírio de teclados enlouquecidos pelo soltar de uma batida descontrolada.
Em cerca de vinte e dois minutos, Jibóia apresenta – e bem – a sua declaração de interesses: percorrer mundos distantes dos nossos, numa viagem que celebra o constante quebrar de fronteiras musicais entre civilizações. A unidade estilística do disco é quase sempre uma vantagem. Mas a ideia que fica é que esta Jibóia tem ainda um mundo de territórios distintos a percorrer.