Depois do lançamento do seu disco de estreia, Lucky Shriner, as atenções viraram-se para o britânico Gold Panda, muito por culpa da mestria na hora de cortar e colar, de baralhar tudo e dar novo jogo e de inventar batidas impossíveis. O apetite foi aguçado ainda mais com o lançamento de Companion, uma compilação que reunia os seus três primeiros EPs e um tema bónus e que continha alguns verdadeiros brilharetes no que toca à produção.
É por isso perfeitamente natural que, tanto tempo depois do lançamento do seu disco de estreia (dois anos agora são o mesmo que cinco anos há dez anos atrás), o lançamento de um novo EP, ainda que resumido a uma intro e três temas e a pouco mais de 17 minutos, despertasse alguma curiosidade. Afinal de contas, não são raras as vezes em que um artista escolhe um formato com o EP enquanto tudo de ensaio de uma possível mudança.
Longe das batidas e da pista de dança, o EP Trust mostra um lado de Gold Panda que raramente tivemos oportunidade de ouvir até hoje: mais complexo, mais exploratório, menos directo. A fazer lembrar Four Tet ou Flying Lotus. Menos físico e mais cerebral. Há batidas mas são apenas uma sequência lógica e nunca a força motriz. Pode não significar uma mudança de rumo na sua criação, pode não estar totalmente ao nível do melhor de Gold Panda, mas Trust é certamente um exercício curioso de metamorfose. É confiar no homem.