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Code Orange Kids Love Is Love // Return to Dust

2012
Deathwish Inc.


Certamente que  não se pode esperar muito de um quarteto punk/hardcore de adolescentes cujas idades rondam os 17 e 18 anos. Talvez, precisamente, por não terem nada para provar a ninguém, os Code Orange Kids lançaram-se de cabeça a um dos registos mais expansivo, no que a fronteiras musicais diz respeito, de 2012. A atitude não engana, a máquina intensa, ruidosa e mal arranjada que são ao vivo também não: são crianças com uma vida cheia de promessas pela frente.

Love is Love // Return to Dust é um registo a rasar a meia-hora, mas consegue impor-se como uma viagem pelas mais amplas e distintas sensações da música, desde a agressiva abertura de Flowermouth, com a rapariga do grupo, Reba Mayers, a mostrar que não é preciso um par de tomates para cantar como se tivesse vários (e bem, bem grandes), a malhas tão grind e crust quanto "Around My Neck", sem esquecer a acalmia de uma "Colors", bela, cheia de empatia e bem à moda do melhor post-rock. Assim, do metal mais pesado, grave e arrastado, ao rock mais emocional, os putos de Pittsburg mostram uma sonoridade madura, devastadora e de nos deixar ansiosos pelos seus próximos tentos.

O som do disco, aprimorado a níveis de engenharia aeronáutica, tem, claro, o cunho único de Kurt Ballou, mais conhecido por ser guitarrista de Converge e produtor dos cada vez mais essenciais para a música pesada Godcity Studios. Neste disco, uma vez mais, Ballou pôs o baixo a rugir como se da coisa mais badalhoca do mundo se tratasse, e a bateria a soar com uma perfeição quase real – talvez o toque que faltasse a este quarteto nos seus registos anteriores.

Com músicas que têm tanto de original quanto de influências claras, a mandar nomes para cima da mesa que vão desde Converge a Entombed, os Code Orange Kids têm em Love is Love // Return to Dust um repto do que a criatividade adolescente pode fazer, quando fertilizada com os inputs certos. De ora em diante, eles não serão mais uns punks a tocar x e y, serão apenas os Code Orange Kids a fazer o que sabem fazer – e este registo demonstra que isso é tão bom quanto suficiente.


André Forte
17/01/2013