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Toro Y Moi Anything In Return

2013
Carpark Records


Ao contrário dos seus parceiros próximos que, sob o jugo das publicações indie, se viram de repente com a insígnia chillwave pendurada no peito (a propósito, já podemos deixar este termo morrer, juntamente com o witch house?), Chaz Bundick nunca se deixou contagiar em pleno pelo lado mais psicadélico da electrónica caseira - ler: encher tudo de reverb -, preferindo produzir os seus discos da melhor maneira possível e enveredando não raras vezes por noções dançáveis de música, que explorou grosso modo em Causers Of This, na compilação June 2009, no seu projecto paralelo Les Sins e, principalmente, em Underneath The Pine, disco de 2011 que era a casa de "New Beat" e de "Elise", belíssima canção que não se deverá deixar esquecer no tempo.

Em Anything In Return, a influência da dance music é ainda mais notória, existindo, claro, espaço para o género, habitual em Chaz Bundick, de variações pop sintéticas. Não se espere portanto um disco 100% house, havendo aqui um pouco de tudo; desde incursões por netos de clones dos Beatles - "Studies" -, até canções que querem-ser-r&b-pomposo-mas-a-sua-mãe-não-as-deixa - como a terrivelmente inócua e escusada "Cake", que é bem capaz de ser a primeira grande pedra no casco do touro. Não será portanto exagero dizer que raramente tivemos Toro Y Moi tão apontado à pista quanto neste Anything In Return.

No entanto, o fio condutor que liga toda a sua obra, nomeadamente o modo como se apresenta e a ideia que se tem daquilo que é a sua música não são quebrados nem quando logo à partida temos uma malha arraçada do UK Garage como o é "Harm In Change" (alguém falou em Joy Orbison?). Mas há ainda "Say That", o funk electrónico de "Living High" e - estas sim - a r&B desconstruída de "Never Matter" e de "How's It Wrong" para nos pôr a apreciar este novo disco de Toro Y Moi com as ancas e não com os ouvidos. Até porque numa garraiada o divertido é tentar montá-lo.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
02/01/2013