...apesar de "Candy" ser francamente uma canção para meninas, tentativa alarve de viagem pela country com a declaração implícita de hey, olhem para nós, não somos apenas uma banda de rock n´roll barulhenta, também sabemos experimentar com várias sonoridades e géneros musicais porque somos cultos e sofisticados e não queremos ficar agarrados a uma só fórmula para sempre, podem crer que o nosso próximo disco irá soar a Wilco. Uma travagem demasiado brusca num disco que, até aí, oscila entre o razoável e o óptimo, mas abaixo daquilo que Leave Home nos tinha mostrado.
E o que é que Leave Home nos tinha, exactamente, mostrado? Que os The Men ora sabem copiar - e bem - o melhor psicadelismo do krautrock e dos Spacemen 3, como o atestam as deliciosamente repetitivas "Oscillation" e "Presence", que, por algum motivo - e não é bem algum, é levar o ouvinte acostumado a este tipo de sonoridades (porque não existirá ninguém que ouça os The Men sem ter ouvido primeiro as influências destes, nem os indie kids formatados do nosso amargo tempo presente) a um transe profundo e fazê-lo, momentaneamente, escolher outra droga de eleição -, são as duas canções mais longas do disco, ora sabem copiar - e bem - o lado mais sonhador do shoegaze, como em "Country Song" (não se terão enganado no nome desta, pá?) e "Please Don't Go Away". E, note-se, é bom que o façam: se vão ser uma banda com propensão para o ruído e a atitude copiem bandas decentes. Ninguém quer ouvir bandas merdosas oriundas de cidades merdosas que se acham punk mas que têm como principais influências os Xutos e os Fitacola.
De resto: os The Men são bons. Sabem fazer melhor, muito melhor, mas por agora decidiram descolar ligeiramente do que já haviam mostrado e compor canções que soassem mais, parece-nos, à ideia deles do que constitui "a música dos The Men" e não às ideias que levantaram de outros lados. Ora resvalam para o noise rock fodido ora para o pop-punk agradável mas inconsequente ("Open Your Heart", "Ex-Dreams"), o que resulta num disco desnorteado. Mas, convenhamos: se tem fuzz e riffs que nos façam sacudir a cachola como se estivéssemos a vomitar o resto não interessa para nada.