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Paul Buchanan Mid Air

2012


Depois dos Blue Nile, Paul Buchanan sentiu-se perdido, desencorajado, arrumado a um canto. A morte de um amigo próximo deu a machadada final no seu espírito. Mas isso não impediu Buchanan de se levantar do chão e encontrar a energia para, quase trinta anos após o primeiro disco da sua banda de sempre (A Walk Across the Rooftops, 1994), lançar o seu disco de estreia a solo.

Mid Air faz-se de catorze pequenas canções ao piano (só uma chega aos 3 minutos de duração), preenchidas ocasionalmente por ambiências minimais (ou um contrabaixo vadio), de um intimismo sepulcral. Cruzar estas canções do início ao fim é como estar ali naquela sala com o próprio Paul Buchanan e ouvi-lo recriar-se e encontrar um caminho que julgava já impossível. Afinal de contas Paul Buchanan tem já 56 anos e não é propriamente um jovem.

Com instrumentação tão reduzida, torna-se quase impossível não prestar especial atenção às palavras de Paul Buchanan: afinal de conta estão ali à mão de semear. E é uma delícia ouvir Buchanan abrir o livro da sua vida sem máscaras – nem receios - e perceber que, ao primeiro disco (é como quem diz), Paul Buchanan se tornou num daqueles escritores de canções de quem se espera – e imagina - uma longa e profícua discografia. Mais vale tarde que nunca.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
17/07/2012