Depois dos Blue Nile, Paul Buchanan sentiu-se perdido, desencorajado, arrumado a um canto. A morte de um amigo próximo deu a machadada final no seu espÃrito. Mas isso não impediu Buchanan de se levantar do chão e encontrar a energia para, quase trinta anos após o primeiro disco da sua banda de sempre (A Walk Across the Rooftops, 1994), lançar o seu disco de estreia a solo.
Mid Air faz-se de catorze pequenas canções ao piano (só uma chega aos 3 minutos de duração), preenchidas ocasionalmente por ambiências minimais (ou um contrabaixo vadio), de um intimismo sepulcral. Cruzar estas canções do inÃcio ao fim é como estar ali naquela sala com o próprio Paul Buchanan e ouvi-lo recriar-se e encontrar um caminho que julgava já impossÃvel. Afinal de contas Paul Buchanan tem já 56 anos e não é propriamente um jovem.
Com instrumentação tão reduzida, torna-se quase impossÃvel não prestar especial atenção à s palavras de Paul Buchanan: afinal de conta estão ali à mão de semear. E é uma delÃcia ouvir Buchanan abrir o livro da sua vida sem máscaras – nem receios - e perceber que, ao primeiro disco (é como quem diz), Paul Buchanan se tornou num daqueles escritores de canções de quem se espera – e imagina - uma longa e profÃcua discografia. Mais vale tarde que nunca.