Para além de Venetian Snares, o produtor canadiano Aaron Funk também utiliza, embora menos recorrentemente, o alter-ego Last Step, através do qual acaba de lançar um novo álbum, quatro anos após “1961†(Planet Mu, 2008). Conotado com o breakcore, por vezes algo simplisticamente, não obstante os ritmos acelerados e os cortes abruptos e descoordenados (entre o jungle e o glitch) que lhe são caracterÃsticos, o veterano Aaron Funk retoma a narrativa de Last Step (julgara-se que definitivamente abandonada) para a condução de uma nova experiência sonora.
As nove faixas de â€Sleep†(Planet Mu, 2012) foram produzidas, segundo o próprio Aaron Funk, com base numa terapia de relaxamento, em estado de quase adormecimento, procurando explorar um território de semi-consciência. O resultado mais previsÃvel seria um oceano profundo e soporÃfero de texturas ambientais, como que em “fade out†permanente. Em suma, um comprimido para dormir, como a própria capa do disco (plasmada a partir dos clássicos livros de bolso da Penguin) parece sugerir.
Pura ilusão óptica. O breakcore esbateu-se, ou desacelerou-se, tornando-se menos agressivo, mas a componente acid que pautou os discos anteriores de Last Step permanece tão ou mais vÃvida (a faixa “Lazy Acid 3†faz jus ao tÃtulo), a par de elementos glitch, drone, new wave, ou a sÃntese IDM. Mantém um forte impulso fÃsico mas tornou-se em simultâneo mais cerebral e introspectiva. Tudo isto embebido no mesmo espÃrito de nostalgia vintage e inspiração nos clássicos de ficção cientÃfica que faz mover, entre outros, o contemporâneo Com Truise. Ora, a velha guarda da música electrónica demonstra que ainda é capaz de surpreender e, sobretudo, tem muito que ensinar aos novatos em termos de produção. Esperemos que Last Step não volte a adormecer durante tanto tempo.