Ao segundo disco, o escritor de canções Mike Wexler quis ser mais do que um escritor de canções e romper com o passado. Quis repensar o seu som e chegar a algo distinto, abrindo a sua palete sonora de uma forma quase dramática. E conseguiu-o: Dispossession é muito mais do que um disco de canções, é um disco de explorações.
Ainda que subsistam resquĂcios de canções aqui algures, o que interessa mais em Dispossession Ă© o caminho para chegar atĂ© elas: o tiquetaque quase jazzĂstico da planante “Pariah” e os teclados a lembrar uns Pink Floyd de boa colheita; a inspiração indiana e o psicadelismo de “Spectrum”; a liberdade melĂłdica e de recursos de ”Liminal”, nove minutos e meio de pura beleza longe de facilitismos e concessões.
Não tem nada que enganar: Dispossession é um disco folk. Mas um disco folk tão pouco agarrado à sua condição que não hesita em permitir a si mesmo todas as viagens necessárias para mudar de pele. Dispossession, em apenas sete andamentos (abençoada concisão), é um disco camuflado, todo o terreno: adapta-se a cada circunstância como se dela fizesse parte. E é um belo conjunto de pesquisas sonoras. Não se sabe muito de Mike Wexler mas uma coisa é certa: as suas canções são muito mais do que simples canções.