A primeira caracterÃstica a reter deste grupo é a sua estranha e, acima de tudo, rarÃssima formação. Trata-se de um sexteto constituÃdo por três sopros (madeiras) e outras tantas percussões. O lÃder Boris Hauf fica-se nos saxofones (tenor e soprano), Keefe Jackson atira-se ao sax tenor e clarinete contrabaixo e Jason Stein (lÃder do projecto Locksmith Isidore) trata do seu habitual clarinete baixo. Nas baterias estão Frank Rosaly, Michael Hartman e Steven Hess - este último acumulando ainda responsabilidades nas electrónicas.
Originários de campos de actuação distintos (a maior parte vem da jazz de Chicago, mas há gente oriunda das cenas noise e da improvisação “near-silenceâ€), os músicos encontram neste projecto uma plataforma de união e expansão. Surpreendentemente, a música não fica limitada pelas caracterÃsticas dos instrumentos; antes pelo contrário, cada músico trata de explorar as possibilidades de cada instrumento, exibindo uma larga variedade de recursos.
A responsabilidade maior cabe a Boris Hauf, músico da cena berlinense (nascido em Londres), que nos últimos anos tem desenvolvido uma intensa actividade em projectos musicais diversos – procurem por efzeg, Owl & Mack, The Understated Brown (ou só TUB), Severe Moral Purity e Proxemics. Curiosidade extra: já fez música para uma peça de Vera Mantero.
Ao longo de quatro peças (com mais de dez minutos, cada um delas) o sexteto explora diferentes ambientes, trabalhando uma música requintada que fomenta a comunicação instrumental, sublimando eventuais redundâncias. Com este disco, uma das suas mais recentes edições, a Clean Feed volta a confirmar que o jazz actual é uma matéria mutável, que não tem receio em beber nos mais diversos afluentes para conseguir como resultado um fluxo profundamente original.