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Black Rebel Motorcycle Club Take Them On, On Your Own

2003
Virgin Records America


Ao segundo álbum os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) mostram-se indiferentes às influências e assumem-se como aquilo que realmente são, bajuladores das guitarras em distorção sintonizadas com feed-backs estridentes e as estruturas básicas da música pop.

Os BRMC estão a fazer furor na imprensa especializada portuguesa e internacional com Take Them On – On Your Own, um álbum onde as colagens a bandas como The Jesus & Mary Chain e todo o filão new wave são notórias. Então, porquê tanto interesse num trio que aparenta ser uma espécie de reencarnação de um dos nomes mais emblemáticos da década de oitenta? Talvez porque a sua atitude é avassaladora. Ou porque os sons que reproduzem palpitem no coração com uma força invulgar. Há também a hipótese nostalgia. Depois, uma coisa é plágio ou cópia enfadonha e outra é ser-se semelhante mas com vitalidade. O importante é que têm algo que mexe connosco.

Se já em Black Rebel Motorcycle Club as influências eram óbvias, em Take Them On – On Your Own os BRMC assumem-se como discípulos dos irmãos Reid. Quanto a isso não há nada a dizer. Originais? Não. Criativos? Sim. Indiferentes ao ouvinte? Nunca, pelo menos aos que têm uma tendência natural para as canções feitas de guitarras rebeldes, baixos envolventes e batidas pulsantes. Estamos então perante uma típica banda rock que vive de sons intemporais, mas com a atitude certa – ar de desleixados, postura rebelde e muita, mas mesmo muita pose. Resumindo, têm aquilo que muitos gostavam de ter mas não têm: uma aura de rock star. Se a isto lhe juntarmos uma sonoridade que vacila entre a agressividade e o psicadelismo, bem como a voz melosamente sofrível em constante lamento, temos o protótipo da banda rock perfeita para a primeira década do século XXI. A prová-lo estão canções como “Stopâ€, “Rise or Fallâ€, “Ha Ha High Babe†e “Heart + Soulâ€, entre muitas outras.

Take Them On – On Your Own pode atirar-nos para discos que marcaram o passado, discos como Automatic; Pornography; Unknown Pleasures; ou Mask, mas a verdade é que consegue ser minimamente actual e uma alternativa viável quando olhando à nossa volta. Afinal, não é o passado que nos permite construir o futuro? Sim, e só não lhes dou nota máxima por causa das “correntes†que os prendem à limitação do tempo.


Jorge Baldaia
23/09/2003