Filament é aquilo que Vitor Joaquim confessou ser: um trabalho urgente, fruto da ânsia de não produzir um disco a solo há muito tempo. E apesar de ser um disco feito com inquietação e desassossego, longe da sua casa de sempre (a Crónica), Filament é um disco pensado e reflectido, com uma maturidade que está apenas ao alcance de quem pensa a sua obra como um todo.
Vitor Joaquim foi forçado a emigrar. Encontrou a sua nova casa na Ucrânia e, talvez inspirado pelos ventos frios, desenhou cinco paisagens gélidas; cinco filamentos ricos em fibra e texturalmente complexos. Senão veja-se “Filaments and Wallsâ€, intensa erupção electrónica de camadas densas de não-melodia, redemoinho que convoca um estado quase apocalÃptico onde restam apenas as máquinas; ou o pára-arranca cromático de “Filaments of Devotionâ€.
É lugar-comum dizê-lo mas é verdade. Este é um disco que prova um contÃnuo amadurecimento, de alguém que se sente cada vez melhor no seu corpo e sabe que não precisa de fazer cedências no seu trabalho; um disco que encontra Vitor Joaquim num belo momento de forma. Em dias conturbados como estes, Filament funciona como um escape em cinco andamentos.