O Brasil, Brasil brasileiro, mulato inzoneiro, Brasil que dá samba, mamboleio, que faz gingar, Brasil do nosso amor, diz que é Terra de Nosso Senhor. Mas também é terra de SILVA. Lúcio da Silva Souza, para ser mais preciso. E SILVA é terra de muitas coisas, nomeadamente, e apesar da viagem neste EP ser de longo curso, um saudável brasileirismo.
Explicando o último parágrafo, o EP SILVA, belissimamente produzido, é um de canções indie mas com sabor e cheiro a música do Brasil. “12 de Maio”, que abre o EP, chega a lembrar Animal Collective na batida e na inocência, mas tem nessa mesma pancada e meninice o rubor do samba. E muito mais: cordas e metais com força, pequenos ritmos bebés, esquisitices ruidosas. É como se alguém pegasse numa lata de tinta de mil cores e a fizesse explodir no ar. E que bela confusão que resta no final.
Mas o EP SILVA está longe de se esgotar a 12 de Maio. “Cansei”, feita de ritmos arrastados, teclados sonhadores, pequenos pormenores electrónico-doces e vozes fantasistas, é uma canção brilhante. Belíssima mesmo antes de ser atravessada por uma camada impressionante de violinos. E agora tempo para balanços: são apenas cinco canções mas deixam litros de saliva na boca. Que venha disco inteiro o mais depressa possível.