Não se sabe muito acerca de Carapace, o mais recente disco da instrumentista japonesa Eiko Ishibashi - nem tão pouco da própria. Sabe-se que a voz é de Eiko, que tocou bacteria e percussão, flauta vibrafone. Sabe-se que Jim O'Rourke tocou baixo, bateria e percussão, violoncelo, clarinete e pedal steel. Sabe-se que o próprio Jim O'Rourke assinou a produção do disco. E pouco mais.
Tudo isto levanta uma data de questões curiosas – nem todas elas exequÃveis de serem respondidas num texto desta génese. Mas a mais importante de todas elas é: como pode um disco com esta riqueza passar tão ao lado neste lado do mundo – e até, muito provavelmente, no próprio paÃs de Eiko Ishibashi? Todas estas questões são ainda mais difÃceis de responder se tivermos em conta que Carapace é, exactamente, rufar de tambores, um disco pop.
Carapace é um disco universalmente belo. Ainda que cantado em japonês, a riqueza do seu vocabulário, a sobriedade dos seus arranjos, a complexidade da composição são reconhecÃveis a olho nu. Composto e guiado maioritariamente ao piano, Carapace é um livro aberto. O perfeito exemplo de um disco pop aberto a uma mirÃade de influências e por isso mais informado, mais arriscado, mais durável. Um disco com canções não raras vezes notáveis. É preciso quebrar as barreiras: Carapace merece-o.