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Jaga Jazzist The Stix

2003
Ninja Tune


Embora apenas recentemente tenha sido dado a conhecer ao grande público, este extenso grupo de 10 elementos, criado num eixo familiar – Martin e Line são irmãos - , conta já 10 anos de existência. Seguiu-se, claramente por opção, um percurso lento, para depois “Livingroom Hush†os colocar na boca do mundo e levar a Ninja Tune a contratá-los. “Jaga Jazzist has always been an idealistic bandâ€, “meaning that all the money we’ve ever earned has been used to make records, print posters and T-shirts and pay travel expensesâ€, diz Lars. Ou seja, não existe nenhuma dependência financeira por parte dos elementos do grupo (todos têm outra banda, são produtores, estudam, trabalham...), daí que consigam manter-se selectivos no rumo musical e continuar a fugir a qualquer pressão comercial.

O processo de criação é interactivo: um dos elementos traz algo escrito, sobre o que os restantes elementos se divertem a experimentar, retalhar e descobrir a instrumentação ideal. O resultado deste álbum é uma depuração do anterior, um passo seguro e firme, num género que os próprios Jaga Jazzist definem. Pode-se argumentar que o imprevisível se perdeu, é um facto; mas ganhou-se na convulsão, nas cumplicidades entre o rock e o jazz, na fluidez com que os elementos se unem e nas rupturas insanas.

Uma toada melódica que rapidamente se torna plurirítmica, ou que acomoda umas batidas techno. Clarinetes e tubas dão cores fortes à musica, tudo em grande coesão e ritmo. Momentos de pausa - como que alturas de redenção e de libertação da demência que assolava o grupo, necessárias para reconquistar fôlego – afiguram-se como imprescindíveis e fulcrais, tal a forma arejada com que se misturam na música. E nestes momentos, outras paisagens são-nos mostradas em sonoridades frias, sintéticas... mais nórdicas, até.

Surge assim um álbum incatalogável, fazendo com que qualquer descrição peque por escassa, ou não fosse interminável a lista de instrumentos utilizados e, consequentemente, também o manancial de sons debitado. Um trabalho cerebral, exigente, que foge ao consumo rápido que vigora na actualidade.
Um conceito, uma banda, um álbum que não tem par no panorama actual, e que pela sua originalidade urge ser trazido a Portugal…


Miguel Marques
16/09/2003