O nome pode soar desconhecido, mas Puzzle Muteson vem de uma casa bem afamada, a Bedroom Community – quartel-general de gente como Nico Muhly, Valgeir Sigurðsson e Ben Frost. Apesar dessa partilha da editora, a sua música de Muteson à partida pouco se aproximará dos seus colegas: está longe da electrónica e só nos arranjos evocarão os ambientes de Sigurðsson. A música deste Puzzle, alter-ego do inglês Terry Magson, natural de Isle of Wight (sim, aquela terra onde o Miles deu um genial concerto em 1970), vive antes num permanente estado folk. Mas não é só.
Destaca-se desde logo a guitarra, suavemente dedilhada, que vai desenhando suaves melodias arredondadas. A voz, frágil, quase feminina, vai entoando palavras dolentes (por vezes a soar a sofrimento, doentes mesmo). E depois vem o resto. A produção, da responsabilidade de Muhly e Sigurðsson, acrescenta uma deliciosa grandiosidade às melodias simples de Magson. Com o acrescento de suaves pormenores – uns toques de piano, cordas, etc. (elementos sobretudo gamados à “clássica”) - a música de Puzzle Muteson acentua consideravelmente uma dimensão dramática.
Se a essência do trabalho de Muteson está no encontro entre a eficaz simplicidade da guitarra e a voz, há que reconhecer o mérito do trabalho dos parceiros da Bedroom, que subtilmente imprimem novas camadas e transformam uma cantiga simples num monumento etéreo. Depois de nos ter surpreendido com a "Whale Watching Tour” (Novembro '09 no Maria Matos) e By the Throat de Frost, a Bedroom Community já nos conseguiu conquistar de vez.