“Shit” Ă© algo muito acarinhado por bandas do Ohio, nos Estados Unidos, origem deste projecto cujo lĂder, Matt Horse... adivinhem... shit, sim Matt Horseshit que se auto-intitula o criador do gĂ©nero “Shitgazer”. Lá muitas merdas devem tomar estes obreiros de um dos discos mais fora do ano. PsicadĂ©lico sim senhor, numa onda lo-fi de jams curtas mais aproximada de Royal Trux de noventas do que outra coisa. É um “feel” que nos acompanha pelo disco fora, contudo, para complicar e de boa maneira, Ă electricidade dos RT misturam doses lisĂ©rgicas de humor melĂłdico a la Fugs ou The Holy Modal Rounders (contudo sem a genialidade das letras). Pelo meio do caldeirĂŁo algumas pimentas percussivas tĂŁo queridas ao selo Fat Cat.
Tudo isto misturado dá às 11 faixas um sentido de jam perdida algures numa floresta nas traseiras de um concerto dos Animal Collective que acabou há horas. Tipo anti-festa para resistentes, yeah preferimos Black Dice ou Excepter dude-party, assim há uns 8 anos. O tema que melhor incorpora a merda que acabei de escrever é sem dúvida o grande “I Hate The Beach”, hino à estragação desmesurada sem restrições de tempo. Coincidência ou não, é a faixa mais longa, são sete minutos e qualquer coisa que nos valha.
Mas há mais que nos valha por aqui. Se formos cronolĂłgicos na apreciação, já antes os belĂssimos “Time Of Day”, “French Countryside” ou o profundamente Royal TrĂłxico “Laced” tinham despertado a atenção e ganho o direito Ă repetição. “Revolution Waters” traz tambĂ©m uma propulsĂŁo digital a meio do tema, provocando o careta na audição com teclados extasiados que nos guiam entre VHS gravadas em LP consumidas por “fast forwards” de pouca qualidade. E soa maravilhosa, se calhar melhor ainda do que “I Hate The Beach”. Como eles diriam: “No shit”. Depois há um “chillwave” que nĂŁo arranca em “Automatic Writing”, para acabar em balada de grande pedalada, xamânica com “Making Out”. Agora a parte do elogio resumido: bem, por este disco nĂŁo era capaz de enfiar a cara numa bosta de cavalo por mais efeito psicadĂ©lico que tenha mas enfim, tambĂ©m nĂŁo era capaz por nenhum outro. E lá estou a ouvir “Revolution Waters” uma quinta ou sexta vez.